Fatos Principais
- Ronald Deibert fundou o Citizen Lab em 2001.
- O laboratório está sediado na Universidade de Toronto.
- O laboratório expôs a rede de espionagem digital 'GhostNet' em 2009.
- Deibert diz que Rússia e China têm seu nome em uma lista que proíbe sua entrada.
Resumo Rápido
Ronald Deibert, fundador e diretor do Citizen Lab, adota medidas extraordinárias para proteger sua privacidade digital. Em abril de 2025, ele viajou de Toronto para Illinois sem nenhum dispositivo eletrônico, comprando um novo laptop e iPhone imediatamente ao chegar para minimizar o risco de confisco. Deibert opera sob a premissa de que está sendo constantemente vigiado devido à natureza de seu trabalho.
O Citizen Lab, sediado na Universidade de Toronto, serve como contrainteligência para a sociedade civil. Ele investiga ameaças cibernéticas exclusivamente no interesse público, dependendo de subsídios de pesquisa em vez de financiamento governamental. O laboratório ganhou proeminência global por expor abusos digitais, incluindo uma massiva rede de espionagem conhecida como 'GhostNet' em 2009. Deibert expressa preocupação com o estado da democracia nos Estados Unidos, observando que os pilares da democracia estão sob ataque. O laboratório continua a investigar regimes autoritários e fornecedores de spyware comerciais, apesar de enfrentar riscos pessoais e proibições de viagem.
Uma Vida de Cautela Digital
Em abril de 2025, Ronald Deibert deixou todos os dispositivos eletrônicos em casa em Toronto e embarcou em um avião. Quando pousou em Illinois, pegou um táxi para um shopping e foi diretamente para a Apple Store para comprar um novo laptop e iPhone. Ele queria manter o risco de ter seus dispositivos pessoais confiscados no mínimo, sabendo que seu trabalho o tornava um alvo principal para vigilância. "Estou viajando sob a premissa de que estou sendo vigiado, até exatamente onde estou a cada momento", diz Deibert.
Deibert dirige o Citizen Lab, um centro de pesquisa que fundou em 2001 para servir como 'contrainteligência para a sociedade civil'. Sediado na Universidade de Toronto, o laboratório opera independentemente de governos ou interesses corporativos, dependendo em vez de subsídios de pesquisa e filantropia privada para apoio financeiro. É uma das poucas instituições que investigam ameaças cibernéticas exclusivamente no interesse público e, ao fazê-lo, expôs alguns dos abusos digitais mais graves das últimas duas décadas.
A Erosão das Normas Democráticas
Por muitos anos, Deibert e seus colegas apontaram os EUA como o padrão para a democracia liberal. No entanto, Deibert afirma que essa perspectiva está mudando: "Os pilares da democracia estão sob ataque nos Estados Unidos. Por muitas décadas, apesar de suas falhas, ele manteve normas sobre o que a democracia constitucional parece ou deve aspirar a ser. [Isso] está agora em risco". Mesmo que alguns de seus colegas canadenses evitassem viajar para os EUA após a segunda eleição de Donald Trump, Deibert apreciou a oportunidade de visitar.
Junto com suas reuniões com defensores de direitos humanos, Deibert documentou vigilância ativa na Universidade Columbia durante o auge de seus protestos estudantis. Ele tirou fotos de drones acima do campus e observou os protocolos de segurança excepcionalmente rígidos. "Foi incomum ir aos Estados Unidos", diz ele. "Mas eu realmente me atraio por problemas no mundo". Deibert cresceu em East Vancouver, Colúmbia Britânica, uma área áspera com uma presença contracultural barulhenta, que influenciou seu respeito pelo sentimento antissistema.
Da Academia à Proeminência Global
Deibert eventualmente entrou em um programa de pós-graduação em relações internacionais na Universidade da Colúmbia Britânica. Sua pesquisa de doutorado o levou a um campo de investigação que logo explodiria: as implicações geopolíticas da incipiente internet. "Em meu campo, havia um punhado de pessoas começando a falar sobre a internet, mas era muito superficial, e isso me frustrava", diz ele. "E, ao mesmo tempo, a ciência da computação era muito técnica, mas não política—[política] era quase uma palavra suja".
Deibert continuou a explorar esses tópicos na Universidade de Toronto quando foi nomeado para um cargo de professor efetivo. Seu trabalho ganhou proeminência global depois que ele fundou o Citizen Lab em 2001. O que colocou o laboratório no mapa, diz Deibert, foi seu relatório de 2009 "Tracking GhostNet", que revelou uma rede de espionagem digital na China que havia invadido escritórios de embaixadas e diplomatas estrangeiros em mais de 100 países, incluindo o escritório do Dalai Lama. O relatório e sua continuação em 2010 estavam entre os primeiros a expor publicamente a ciber vigilância em tempo real.
Impacto e Riscos da Investigação
Nos anos desde então, o laboratório publicou mais de 180 análises semelhantes, obtendo elogios de defensores de direitos humanos de Margaret Atwood a Edward Snowden. O laboratório investigou rigorosamente regimes autoritários em todo o mundo; Deibert diz que tanto a Rússia quanto a China têm seu nome em uma "lista" que proíbe sua entrada. O grupo foi o primeiro a descobrir o uso de spyware comercial para vigilar pessoas próximas ao dissidente saudita e jornalista do Washington Post, Jamal Khashoggi, antes de seu assassinato. Sua pesquisa informou diretamente resoluções do G7 e da ONU sobre repressão digital e levou a sanções a fornecedores de spyware.
Mesmo assim, em 2025, o Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA reativou um contrato de US$ 2 milhões com o fornecedor de spyware Paragon. O contrato, que a administração Biden havia anteriormente colocado sob uma ordem de parada de trabalho, assemelha-se a medidas tomadas por governos na Europa e em Israel que também implantaram spyware doméstico para abordar preocupações de segurança. "Isso salva vidas, literalmente", diz Cindy Cohn, diretora executiva da Electronic Frontier Foundation. "Os pesquisadores do Citizen Lab foram os primeiros a se concentrar realmente em ataques técnicos a ativistas de direitos humanos e ativistas democráticos em todo o mundo. E eles ainda são os melhores nisso".
O trabalho para o laboratório não é sem riscos. O pesquisador do Citizen Lab Elies Campo, por exemplo, foi seguido e fotografado após o laboratório publicar um relatório de 2022 que expôs a vigilância digital de dezenas de cidadãos catalães e membros do parlamento. Deibert recruta pesquisadores que experimentaram repressão pessoalmente, como Noura Aljizawi, uma sobrevivente de tortura pelo regime de al-Assad na Síria que pesquisa ameaças a mulheres e pessoas queer.
"Estou viajando sob a premissa de que estou sendo vigiado, até exatamente onde estou a cada momento."
— Ronald Deibert, Diretor do Citizen Lab
"Os pilares da democracia estão sob ataque nos Estados Unidos."
— Ronald Deibert, Diretor do Citizen Lab
Fatos Principais: 1. Ronald Deibert fundou o Citizen Lab em 2001. 2. O laboratório está sediado na Universidade de Toronto. 3. O laboratório expôs a rede de espionagem digital 'GhostNet' em 2009. 4. Deibert diz que Rússia e China têm seu nome em uma lista que proíbe sua entrada. FAQ: Q1: O que é o Citizen Lab? A1: O Citizen Lab é um centro de pesquisa na Universidade de Toronto que investiga ameaças cibernéticas e espionagem digital exclusivamente no interesse público. Q2: Quem é Ronald Deibert? A2: Ronald Deibert é o fundador e diretor do Citizen Lab, conhecido por expor redes globais de vigilância digital."Isso salva vidas, literalmente."
— Cindy Cohn, Diretora Executiva da Electronic Frontier Foundation