Exercício como Medicamento: A Visão de Mikel Izquierdo

Resumo Rápido

Mikel Izquierdo, professor do Comitê Olímpico Espanhol, defende uma mudança de paradigma na forma como o envelhecimento e a atividade física são vistos. Ele argumenta que a competição mais significativa não é sobre cortar segundos do tempo de uma corrida, mas sim impedir que os idosos fiquem acamados. Segundo Izquierdo, envelhecer bem significa manter a força para se mover, uma mente clara para tomar decisões e a capacidade de se recuperar rapidamente quando a vida apresenta desafios. Ele enfatiza que o exercício é a chave para alcançar esses objetivos. Além disso, ele acredita que não utilizar o exercício como medida preventiva é antiético, dada a atual base científica sobre seus efeitos. Essa perspectiva reenquadra a atividade física de uma busca recreativa para uma necessidade médica, semelhante a um medicamento prescrito.

Redefinindo a Competição

Durante quase três décadas, Mikel Izquierdo atuou como professor no programa de Mestrado em Alto Rendimento Esportivo do Comitê Olímpico Espanhol. Embora seu histórico envolva atletismo de elite, seu foco atual está em um tipo diferente de desempenho. Ele sugere que a competição mais interessante não é encontrada na pista ou no campo, mas na luta diária contra a imobilidade. O objetivo é garantir que uma cama não imobilize uma pessoa idosa.

O conceito de envelhecimento saudável é frequentemente mal compreendido, mas Izquierdo oferece uma definição clara. Não se trata apenas de viver mais, mas da qualidade desses anos. Ele identifica três pilares críticos para o envelhecimento bem-sucedido:

• Conservar a força física necessária para se mover
• Manter uma mente clara o suficiente para tomar decisões
• Manter a capacidade de se recuperar rapidamente quando a vida apresenta obstáculos

Ao mudar o foco das métricas competitivas para a independência funcional, o papel da atividade física muda fundamentalmente. Ela se torna uma ferramenta para a autonomia, e não apenas um meio para ganhar medalhas.

Exercício como Fármaco

A tese central do argumento de Izquierdo é que o exercício deve ser tratado com a mesma seriedade de uma prescrição médica. Ele afirma explicitamente: "Hay que tratar el ejercicio como un fármaco" (É necessário tratar o exercício como um medicamento). Essa comparação destaca os potentes efeitos fisiológicos que a atividade física tem sobre o corpo humano, especialmente na prevenção do declínio.

Como pesquisador na Universidad Pública de Navarra, Izquierdo fundamenta sua filosofia em evidências científicas. Ele postula que o conhecimento que possuímos atualmente sobre os benefícios do exercício torna sua omissão de um regime de saúde uma questão de ética. Se existe um tratamento que pode prevenir a imobilidade e o declínio cognitivo, não prescrevê-lo não é apenas uma oportunidade perdida, mas uma falha no cuidado. Essa visão desafia indivíduos e sistemas de saúde a priorizar a atividade física como um componente não negociável da manutenção da saúde.

O Imperativo Ético

A dimensão ética do trabalho de Izquierdo dá peso à sua defesa. Ele argumenta que, dada a atual compreensão científica, não se engajar em atividade física é antiético. Esta é uma afirmação forte que coloca a responsabilidade tanto no indivíduo quanto na comunidade médica para integrar o movimento na vida diária. As evidências sugerem que as consequências da inatividade são graves, levando a uma perda de independência que poderia ter sido evitada.

Ao enquadrar a questão em termos de éticos, a conversa vai além da preferência pessoal ou dos objetivos estéticos. Ela se torna uma prioridade de saúde pública. A capacidade de se recuperar rapidamente é um sinal vital de saúde, e o trabalho de Izquierdo no Comité Olímpico Español e na Universidad Pública de Navarra visa espalhar essa mensagem. O objetivo final é mudar a percepção cultural do envelhecimento de um período de declínio inevitável para uma fase da vida que pode ser gerenciada ativamente através da disciplina física.

Conclusão

A perspectiva de Mikel Izquierdo oferece um caminho claro e acionável para melhores resultados de saúde para populações envelhecidas. Ao tratar o exercício como um medicamento, os indivíduos podem abordar proativamente os desafios físicos e mentais associados ao envelhecimento. Seu trabalho enfatiza a importância da força, clareza mental e resiliência. À medida que a população envelhece, os princípios defendidos por especialistas como Izquierdo provavelmente se tornarão cada vez mais centrais nas discussões sobre cuidados de saúde e qualidade de vida. A mensagem é simples, mas profunda: movimento é medicamento.